quinta-feira, 18 de junho de 2009

Geni e o jornalismo sem diploma


“...Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni.”
(Geni e o Zepelin – Chico Buarque de Holanda)

Em discussões sobre o jornalismo como profissão, costumo dizer que ela é comparável à Geni da canção de Chico Buarque “feita pra apanhar”, Com a decisão ontem (STF derruba obrigatoriedade do diploma de jornalismo) abriu-se a porta do prostíbulo. Na minha opinião, a aprovação do Recurso Extraordinário significa a banalização total da profissão, que há muito padece da “síndrome da Geni”, além de “feita pra apanhar”, “boa de cuspir” , Geni agora , oficialmente, “dá pra qualquer um”: de médicos, advogados a cabeleireiros e modelos, não faltam candidatos a jornalistas, sem diploma e sem qualificação.

Meu avô Mauricio escreveu em jornal sem ter diploma, idem meu tio Quidinho, que antes de virar o Delegas Kid, foi companheiro de redação do Alcy Araújo no jornal A Província do Pará em Belém. Eu era ainda criança quando, baseada em meu gosto pela leitura e nos meus dedos longos e magros, uma tia vaticinou que eu seria jornalista ou pianista.

Há 30 anos, quando passei no vestibular para o curso de Comunicação Social na UFPA, tinha a intenção de fazer cumprir a profecia de minha tia. Mas logo na primeira aula um professor , o arquiteto Paulo Chaves, pintou um cenário tão feio para o exercício da profissão de jornalista, que eu “amarelei” e migrei para a publicidade, iludida que, minhas habilidades para o desenho e uma reconhecida criatividade, fariam de mim uma bem sucedida publicitária.

Formei em publicidade, fiz mestrado em extensão rural, mas em 28 anos de experiência de trabalho (incluindo 2 anos como estagiária) fiz de tudo um pouco: assessoria de imprensa, comunicação interna, editei jornais, organizei eventos (grupo de teatro, festival de música, comemorações institucionais, campanhas), enfim mundo vasto mundo o da comunicação. Não obstante e,ou apesar d-isso, há dois anos voltei aos bancos da escola, para cursar a habilitação em jornalismo e há 8 meses estou cursando uma especialização em jornalismo científico à distância.
Na empresa onde trabalho exerço a função de pesquisadora, mas como atuei por sete anos como assessora de imprensa, fui jornalista provisionada na função de redatora. Depois do mestrado segui firme na área de pesquisa e desenvolvimento rural. Portanto precisar do diploma eu não preciso, mas sou a favor da obrigatoriedade do mesmo para o exercício da profissão de jornalista. Porque isto significa no mínimo o estudo das teorias da comunicação, que muitos incautos julgam dispensáveis.

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